ENDOMETRIOSE
A endometriose é uma patologia que se caracteriza pelo crescimento de tecido endometrial ectópico, ou seja, há crescimento de tecido semelhante a endométrio fora do útero, em locais onde não seria suposto o mesmo surgir. O mais frequente é estes crescimentos de tecido anómalo ocorrerem na região pélvica:
- miométrio (outra camada uterina)
- fundo de saco de Douglas
- ligamentos uterosagrados
- ovários
- bexiga
- intestino
- peritoneu
No entanto, em casos mais raros, o tecido endometrial também pode surgir noutros órgãos, como os pulmões, o cérebro, o músculo e o olho.
Estes tecidos ectópicos são estrogénio-dependentes. Assim, aquando do período menstrual, estes tecidos ectópicos sangram, podendo dar origem a hemorragia rectal ou urinária.
É uma doença que afecta as mulheres essencialmente no período fértil, e estima-se que afecte cerca de 10 a 12% da população. É responsável por 20 a 30% dos casos de infertilidade e por 40 a 60% das queixas de dismenorreia (dor menstrual).
Embora seja frequentemente assintomática, as principais manifestações clínicas são:
- dor pélvica crónica cíclica (coincidente com o período menstrual) ou constante - como este tecido ectópico também sofre estimulação por parte dos estrogénios, isso causa uma inflamação repetida que pode levar a fibrose e aderências das estruturas
- dismenorreia (dor menstrual) severa
- dispareunia (dor durante a penetração sexual)
- disúria (dor ao urinar)
- hematúria (sangue na urina) durante o período menstrual
- hemorragia rectal (e defecação dolorosa) durante a menstruação
- cansaço
- infertilidade
É frequente um diagnóstico tardio, devido aos sintomas de dor inespecíficos.
O tratamento vai depender da sintomatologia da mulher, do seu desejo de engravidar, da sua idade e da extensão da doença.
Podem ser usados fármacos como: contraceptivos orais, progestagénios, análogos da GnRH, danazol e inibidores da aromatase.
Em casos mais graves, pode recorrer-se à cirurgia por via laparoscópica: coagulação ou laser são usados para extirpar selectivamente todo o tecido endometrial ectópico, mantendo a capacidade reprodutiva da mulher. No entanto, as recidivas são frequentes e o único tratamento definitivo é a remoção cirúrgica de ambos os ovários (ooforectomia bilateral).